quinta-feira, 11 de abril de 2013

Uns


Uns dizem que sim.
Balançam a cabeça positivamente.
Servilmente.
E caem na dança, no engodo da salvação.
Do corpo, da alma, do medo.
Socorro.

Uns dizem que não.
Sacodem todo o esqueleto em negativa.
Altivamente.
E saem nas ruas, encharcam as praças, tomam os palácios.
De corpo, de alma, de amor.
Estardalhaço.

Vai devagar com o andor que o santo é de barro.
Vou.
Não vou!
Devagar eu vou com a dor.
Sorvida lenta, em pequenas doses e grandes certezas.
Cozida em fogo baixo tipo Maniçoba.
Tipo meu coração endurecido, desencarnado, desfibrilado em uma panela de pressão.

Uns dizem que não.
Eles rechaçam, se rebelam, se reciclam, se rejuntam e se vão.
 Pelas brechas, frestas, buracos de estio na nuvem cinza da rotina.
Eles brilham.
Eles sobem e, lá no alto, bem no alto, eles chovem.
Eles espalham o não.
O não escorre.
Pelas selvas, pelas catástrofes, pelo caos da cidade, por todas as certezas do sim.
Eles invadem.
Por você, por mim.
Pelo fim.