sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Vestígios

Esse escrito é de um tempo bom. No frio de Vitória da Conquista nossas palavras viraram música. Na voz de Eveline nos classificamos para  etapa final do Festival de Música da Bahia na concha acústica do TCA. Hoje, continua ecoando no Reggae Music da Ramanaia. 


Pra quem não vê o sol,
E passa as horas a contar história de um tempo que não vai ficar.
A dança das ondas sob a luz do luar
Se desfaz com o vento voltando pro mar.
Tentando encontrar vestígios
De algo que ficou pra trás e que insiste em me acordar.


É impossível não querer, ver nascer o sol
Olhar pra frente e ver,
Achar o meu lugar, achar o meu lugar.
Quero te encontrar em cada olhar pra ver: 
passado e futuro,
Nesse instante a se fundir
Pra me levar bem longe daqui...


Cruzando desertos e mares então eu percebi
Que do meu destino eu não posso fugir.
Tentando encontrar vestígios,
Daquilo que ficou pra trás e nunca mais vai me acordar...


É impossível não querer ver nascer o sol
Olhar pra frente e ver que aqui é meu lugar...
Estou no meu lugar...
Você é meu lugar...

Quero te encontrar em cada olhar, pra ver....




Versão audiovisual: http://www.youtube.com/watch?v=21r-TpiMJYs

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tupiniquim

Pus fogo no verso.
Fiz a brasa brasileira incendiar minha palavra.
Fiz minha chama tremular no olhar estrangeiro.
E o que eu disser, na minha língua, pode ser de amor ou de mágoa;
Seja por mar ou por terra, é o que vai chegar primeiro.

Pus meu discurso a sambar na boca do povo.
Nos corações, em qualquer que haja batuque, faço assento.
E verso larga prosa para as nossas dores.
E dou à prosa, o amor dos poetas.
E aos poetas a brisa do contentamento.

Sobre os seios da mulata debrucei meu ditado.
E sendo dito como um moleque vadio.
E sendo feito com palavra e pão.
Nasci no mato e me criei nesse chão.
Estou farto do inglês mal falado e do Jazz.
Quero ser batizado num samba-canção.
E do preto velho, sentado, beijar os pés.

Ô moleque ousado, corre solto na rima e dá um drible na métrica.
És um hiato.
Trovador pós-moderno das coisas fugidias.
Côncavo e convexo.
Que se queda perplexo, frente ao absurdo do dia-a-dia.

Neste tempo, embora eu esteja são, é inútil procurar pelo nexo.
Entre a mentira e o fato, não encerro nem principio.
Levo a palavra comigo, e ela vai.
Ser-se-á cantada ou falada, tanto faz.
Ser-se-á lida, quiçá adorada.
Ou morrerá ancorada à beira de um cais, não sei.
A mim, cabe a tarefa de escrever.