sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Partida

As coisas em silêncio não deveriam mesmo me dizer nada.
Também, pra mim tanto faz.
Se é céu ou estrada, se é seu ou roubara.
Se for assim, favor não devolva.
Não servirá pra mim, e a ti fará toda falta.
O que me dizes, eu escuto.
E são letras de velhos sambas,
Sobre casas beirando encostas,
E amores.
Que foram e não estão mais, que são e não sabem nada,
Que serão, no fim daquela curva, um começo de estrada.
E a caminho de Barça, já me perdi.
Pra depois encontrar-me, desatado de qualquer nó, arriscando navegar-me.
Ave Maria, marinheiro avante!
E me verás, de fome saciada.
A boca, ainda melada, baba coisas do tempo.
E o meu sorriso faz contrassenso com qualquer coisa que pese ou espere demais,
Ou de mim.



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tome tempo

E o tempo?
Essa criança louca,
Que bagunça e deixa fora de órbita.
Que junta, depois espalha.
Corta feito fio de navalha,
A carne daqueles que esperam.

Tantos minutos
Quero ser o primeiro,
Dos segundos desvairados,
Antônimos de qualquer lógica,
Que coisa qualquer confunde,
Sem saber se fica, se passa.
Ou expande.

O tempo?
Esse cavalo doido,
Marchando em desvario,
Alimenta-se de si mesmo,
Em orgasmos do próprio cio.
Corre louco e nunca volta.
E você não sabe quando existiu.

Dorme minha criança louca,
Deita aqui perto de mim.
Deixa a vida correr solta.
Encerra essa etapa,
Já já começa outra.




quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Tipo Leminski à Iemanjá

têm presentes nos rios
têm presentes no mar
no Rio Vermelho um mar de gente
devota a rainha do mar

alguns chamam Janaína
outros clamam
Odô iá
todos querem a proteção
da deusa Iemanjá

alfazema, pentes e badulaques
flores, promessas e axé
é festa pra todo lado
e até fiel de araque
vai levando a maior fé

haja água e perfume
pra lavar tanta alma
de verdade
a vaidade de cada um
pois em todo canto da cidade
a cidade é d´oxum

salve Iemanjá
só te peço uma prenda
que de hoje em diante
todo tipo de oferenda
mande de volta pro mar

Tipo Leminski III

noves fora o  apego
a matemática do amor é inexata
se tá longe maltrata
perto
pega fogo logo cedo
vai entender o amor
essa ciência barata
de tecnologia chinesa
vendida em qualquer camelô

Tipo Leminski II

                                   em toda reza peço o que mereço
qualquer coisa mais que isso é exagero
          pode ser ave maria,
 terço
                   ou novena de padroeiro
se você nunca rezou
                           o pai nosso é um bom começo

Tipo Leminski

esquecera de mim
        fiquei aqui deste lado
se não queres vir aqui
                           fico bem no meu quadrado

deste lado fico bem
                              não preciso de mais
porque no quadrado
                                     todos os lados são iguais