quarta-feira, 25 de março de 2009

Sem mais...

Às vezes eu só sei o que não quero.
O que eu quero se espalha, é demasiado ver.
Não moram mais em mim alguns parâmetros,
Botei-os pra fora dada inadimplência.

Não consigo mais me enquadrar, constatei isso.
Nas fotografias estou com a cabeça cortada.
Meus pés transbordam na cama.
Se canto alto me tiram como louco.
Se dou o bastante, ainda acham pouco.
O que querem de mim é o que falta em todos.

O que eu posso ter de tão raro faz de mim um alvo fácil.
Faz com que você me olhe atravessado.
Não me negue!

Entrego a ti a minha bússola,
Mas peço: deixe-me navegar.
Vou incorporar sais e minerais a minha culpa.

Quando acaso,
Tardo, envelheço, recuso.
Faço de mim um ser obtuso,
Em nome da negativa negação da imagem.
Apareço em dias contados.


Sem mais, aviso.
Quando a sirene tocar anunciando a partida,
Uma estrela se acenderá iluminando a chegada.
Dessa coisa maior que é a vida,

fonte inesgotável de água pura,
Levarei o que couber no coração.
A simplicidade das pequenas coisas,
No beijo de despedida.
Um abraço de irmão.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Há...

Há que se admitir que não era esperado.
Inusitado é o adjetivo de um encontro não marcado.
Há que se fazer valer a pena, ela diz.
Há de haver um motivo.

Há de ter coincidências.
Dissonância de discursos há também.
Há de ter a teimosia ariana.
A manha mineira e a ginga baiana.

Há de se salientar o senso de humor.
Dela a crença no amor, dele o amor pela descrença.
Há de encontrar respostas,
Ou há de mudar as perguntas.

Há de se crer no acaso.
De haver um prazo para romper distâncias.
Há de se aproveitar o ensejo, e
Transformar os “bjs” em algo de arrepiar.

Há, e por que não. Tempo.
Mas há mais ainda, e saliento
Vontade de ver de perto.
De comprovar que está certo,
Um encontro que já aconteceu.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Só de passagem





É um mundo tão rápido
que minha alma dilacera por entre os carros.
Passa tudo sem ser processado,
digerido sem fibras interpretativas.
Comemos tanta informação,
Que expelimos palavras ao bel prazer da oportunidade.
Perdemos as réguas e as rédeas.
Estamos meus caros, sem medida.
É medo oscilando com a alegria da infância.
É vazio que domina metrópoles super populosas.
É um mundo no qual
Dizemos sim ou não, e dizemos mais ainda, talvez.
temos sido cumplices do incerto.
Bipolares espalhados aos montes.


É um mundo tão rápido,
Que a compaixão definha entre o gás carbônico.
E eu observo atônito.
A sanidade dos doidos.
A castidade da vida fácil.
A diminuição da vida útil.
O espaço dado ao fútil.
Passam rápido.
Os pneus sobre os pedaços
Da minha alma em frangalhos.
Olho por entre as frestas,
Sei agora o que me resta,
O medo de ser amado,
Nesse mundo tão rápido,
O gostar perdeu o gosto.
E a paciência sucumbe a um
Milésimo de segundo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Incompleto


A clara calma em dias de chuva,
Encontra a agonia no livro do desassossego.
A ironia da bela flor que se abre ao meio dia e eu não vejo.
Tarda o corpo do vinho quando se pisa a uva.

A mais bela visão, mesmo que difusa.
Embriaga meu olho e atenua.
O teu corpo em poente insinua.
A vaga visão de quem me usa.

O rubor da pele em disfarce,
Esconde a mão de quem maltrata,
Não perdes a lua que vive alta,
A pureza da vida enquanto arte.

A silhueta do pássaro que voa ao longe.
É o caminho que atalha a liberdade.
Quando o sonho maior é sair da cidade.
Leva-me para onde o amor se esconde.

Uma vez que a nossa paz cessou.
Toda vez que a guerra impera.
Morre de uma vez a última quimera.
De morte matada o amor que sobrou.

Despeço-me então com as flores da primavera.
Despedaço-me no chão enquanto outono.
A flor de violeta tem outro dono.
Fico à mercê do frio que destempera.

terça-feira, 10 de março de 2009

Barcelona


Quando eu for, quero uma sinfonia.
Nem choro, nem vela.
Quero harmonia.
Quero cada nota em seu lugar.
Toda frase e toda rima.

Quando eu for, não quero mar de ressaca.
Quero céu de brigadeiro.
Azul mediterrâneo.
Quero sagrado e quero profano.

Quando eu for, eu quero uma festa.
Quero que todos tragam na testa a marca da fantasia.
Quero batuque e bloco na rua.

Quando eu for, quero cuca fresca.
Quero que deixem estar.
Deixem sangrar.
Deixem.

Quando eu for, afinal eu vou.
Quero que se renovem.
Quero que as pessoas e coisas se recriem.

Quando eu for, e se possível for.
Quererei por fim um quintal de grandes árvores.
Uma rede de varanda.
Com gostinho de amor.
E cheirinho de lavanda.

Quando eu for, me deixem ir.
Pois quando eu for, e eu vou é porque quis.
Deixem que passe a banda.
Deixem que eu seja feliz.
Mesmo que me leve à lona.
Vou ver as coisas de Gaudi.
Las chicas de la Espanha.
Vou ser o que sempre quis.
Vou encontrar Barcelona.

Olho Mágico


Ele- Vou começar de novo. O tempo é o senhor de todas as coisas.
Campanhia. O quê? Não acredito! Quem será agora?
Din don! Toc, toc! Passo após passo.
Meu olho, olho mágico. Nunca vi mais gorda, loira e de All Star nos pés.
Tô bem. E você ainda naquela?
Ela- Oi! como você tá?
Ainda naquela...
Sábado à noite, noite de sábado, é tão diferente assim?
Ele- Eu! Não fiz nada. Não me acuse, veja bem...
Você me entendeu errado, não era minha intenção.
Ela- Respira fundo. Por que você fez isso comigo?
Eu vi!
Meu olho, olho mágico.
Eu vi também, a mais linda sábado à noite.
Amiga, com aquele olhar?
Olho mágico, assim te vejo.
Você deveria conhecer melhor minhas amigas.
Você deveria ter me ligado!
O quê!?
Foram só umas taças de vinho, longas estórias, nada mais.
Conhecer suas amigas melhor, pra quê?
Depois foi táxi, casa, cama, meu olho, olho mágico.
Devem ter enchido a cara.
Depois táxi, casa dela, cama dela, eu sei!

Não era minha intenção, devia ter avisado.
É sempre assim.
Sempre essa estória de começar de novo.
Sabe de quê, tá louca?
Foi só casa, xixi, dentes, escova, TV, sleep time, 15 minutos.
Não agüento mais isso.
Ah!Ah! O tempo é senhor de todas as coisas!
Você tá me pedindo um tempo?
15 minutos??

É! Depois ela desliga sozinha.
Não te pedi nada.

Desligado estava seu celular!
A bateria, o carregador, meu olho, olho mágico.
Não vi que tinha descarregado.
Sua chamada está sendo transferida pra caixa de mensagens!
Mensagem de voz? Não tenho crédito!
O que disse??
O tempo é senhor de todas as coisas!
Os pés, o chão.
Vou embora!
Ah! Nunca vi mais gorda!
Quem? Ela ou eu?
Escolha!
Não vire as costas pra mim!
Ah! Você é ridículo, vinho, táxi, casa dela, cama dela.
Sei de tudo!
Vai me deixar falando sozinho?
Não é nada disso que você está pensando!
As duas! Você e ela!!
Onze e meia, amanhã, feijão, arroz.
Começar de novo...
Te odeio!
Quero te ver amanhã!
Meu olho, olho mágico, loira, All Star...
Me esquece!
Que seja!
Disk cerveja!
Campahia. O quê? Já chegou?
Cerveja,copo,música, só isso...
Amanhã estou melhor.
Afinal, o tempo é o senhor de todas as coisas.
34 reais e 20 centavos, Skol, 24 garrafas.
Vou começar de novo.
Meu olho, olho mágico.
Nunca vi mais gorda!

Quem? Ela ou eu?

segunda-feira, 9 de março de 2009

Finjo.


Quando li Passagem das Horas,
faltaram-me palavras.
As que eu tinha escorreram por entre os dedos,
perderam-se no lilás das unhas.
Quando as vejo passar,
falta-me alguma coisa do inexplicável,
algo que me torne inatingível, intocável.
Falta em mim e a ti uma dose de ópio.
Por que o medo de “viajar”?
Temos que forjar cores e motivos para pintar quadros.
É necessário fingir, inventar alguém de fácil felicidade.
Esquecer-se de ser humano.
Afinal, o que é realmente sê-lo?
Humano.
Minhas convicções envelheceram,
e elas não são como vinho.
Pode-se ser o que quiser nessa vida que mais parece um palco.
Não precisamos vestir a roupa certa para a ocasião.
Branco para o luto, preto para os santos.
Fingimos que é verdade, pois precisamos acreditar em algo.
Precisamos não ser, e esperar pelos aplausos.
Admitimos toda forma de passividade e omissão,
em nome da “paz”.
Em nome de D.
Pedimos tanto de joelhos,
que a vida passa, sem que a gente passe por ela.
Permita-me então dizer que não acredito.
Que não dou crédito.
Que querendo ou não, eu fico e finjo.







Concluí:

A palavra é a melhor amiga do ser humano, desde que ele saiba como usá-la.

sexta-feira, 6 de março de 2009

(des) Apego


(des) Apego

O apego apaga a chama.
A fama deita e faz a cama.
Quem não fez, às vezes
Paga o preço da praga.
A praga que apaga o apreço.
Das palavras ditas com farpas.
Na sisudez da língua falada.
Nem sempre consente quem cala.