sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Ela

Ela me disse que sonhava.
Me disse que o céu é mais bonito quando visto fora da cidade.
Que quando um amor acaba, outros mil renascem em algum lugar do planeta.
E que o mundo é do tamanho do meu desejo.
Me disse pra eu tomar cuidado com os joelhos.
Pra eu não exagerar no açúcar e no sal.
- Faz mal!
E logo depois me disse pra não me prender nessa coisa do Maniqueísmo.
Me disse que o sentir não se mede.
Que chorar é regar o chão do que há por dentro.
E que esquecer não é apagar, e sim recolocar o que não se quer lembrar, em outro lugar do pensamento.
Ela me disse que algumas estrelas morrem.
Que não conhecemos nem 1/3 dos oceanos.
E que Jesus, provavelmente, é fruto de uma compilação de mitos da antiguidade.
Me falou, numa noite de bebedeira, que a vida é curta para fazer tantos planos.
Que é bem capaz de eu ter mais características do meu ascendente, do que do próprio signo.
E que eu já não posso mais agir como se eu tivesse vinte e poucos anos.
Me disse que não acredita em destino, que o acaso é senhor e nada está definido.
Disse ainda que não há dor que se remedie por decreto/completo.
E que todos os conceitos acerca do que é pós-moderno, já cheiram a mofo assim que nascem.
Me lembro de um dia ela me dizer que, se não há erro, não há do que se redima.
E disse mais: disfarce.
Finja que não há nada diante de ti que te derrube ou pare.
Não sei se é verdade.
Mas se ela me disse, eu acredito.