segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pequenas Igrejas, Grandes Negócios

Eu sei.
Nenhuma grande proeza precisou de sócio.
Enquanto a vida de muitos sucumbe ao ócio,
A mediocridade assume lugar no esplendor.
É falta de amor, diz o diagnóstico.
Já o agnóstico não sabe se acreditou.
Vou revelar algo de conteúdo impróprio.
Próprio de quem não tem o que esconder.
Em pequenas pelejas eu não vou.
Em grandes igrejas eu não volto.
Eu sei.
Minha alma não precisa de prova, 
pois da minha consciência sou devoto e ela renova dentro de mim o que eu já sou.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vir.

Estamos mais próximos de um fim, do que de um recomeço.
Muito aquém do que mereço e além do que posso dar.
Desconheço caminho novo ou luz desvendada.

Éramos muito, erramos demais.
E somos.
Mais do mesmo.
E mesmo sendo nós de novo.
O querer já está confuso.

É tanto mundo que aflora.
Há mais ternura no chão.
Há tanta vida lá fora.
E luz pra toda escuridão.

Essa gente toda me espera.
E eu completo de mim,
Estou de braços abertos.
De novo.
Vou dar um abraço no mundo.

Vou vagar.
 Vagabundo.
Andar por ai.
Conferir poesia as coisas normais.
Grandiosas em sua pequenice.

Meu coração é poço fundo, vou enchê-lo até o talo.
Estourar o gargalo da mesmice e do engano.
Virar tudo.
Furar bolo.
E ser.
Maior de todos.

Sou eu.
Surpreendo, mas não assusto.


Acostumei-me ao talvez do mundo.
Estou mais perto,
e a tudo me disponho.
E de tudo me despeço.
Despenco no sonho de ser o que quero.
E àquilo que sou empresto,
Um pouco do que há de vir.
E eu espero.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Invadir

Vou invadir, antes que eu enlouqueça.
Que os sinos dobrem e eu acorde de ponta cabeça,
com o estômago pelo avesso, avesso a tudo que é comida.
E a minha barriga ganhar apreço a tudo o quanto é vida, 
quando a vida é recomeço.

De vez em quando, de tanto lembrar esqueço,
Que o instrumento com o qual talho o meu desejo,
É falho, é folha ao sabor do vento.
E ao sabor do vento espalho.
É força que vem de dentro.


E eu, contudo, 
confundo.
Alhos com bugalhos,
Poça com poço fundo.
E me cobrem de enxovalhos.

Que caralho!
Quero um trago de um cigarro.
Quero um carro.
Quero boas, novas notícias.
Quero pistas.

Vou entrar, antes que amanheça.
E eu esqueça de lembrar do meu desejo.
E deseje comer o meu apreço.
Meu estômago ronca.
É vida ao sabor do vento.
O custo de quê?
Pagarei o preço.



segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Foi...

Eu nuca quis que fosse assim,
Mas o querer tem gênio forte,
Às vezes pirraça, outras vezes mata.
Entope as veias, obstrui o pulmão.
É como um carro engarrafado.
Às vezes anda e corre, às vezes para.
Deita e rola, noutras exala.
Um querer forjado a ferro e fogo.
Derramado sobre folhas de papel,
Escorria sobre a fronte borrada de preto.
Hoje assim, outrora cheio de dentes,
fazia ver-se de longe, dava sinais de fumaça à tua falta.
Não pretendia ser exato, mas sabia ser forte.
Usava uma caricatura falsa, feita com papel machê e cola,
Saía pra rua de cara pintada.
Era surpreendido desnudo de circunstancias.
Matava e morria sem vergonha.
De virtude e vicio se detinha.
Um querer de alma lavada,
Fazia cobertor de grãos de areia,
E de qualquer sorriso sua morada.