quarta-feira, 29 de abril de 2009

Hoje

Fiz de mim os teus pedaços.

Catei cada caco.

Cada pequeno vago espaço.

Hoje sou força, sou vida, sou tudo.

Hoje, sou um pouco de você,

e você um pouco de tudo.

Eu hoje sem você,

Vago sozinho no mundo.

Eu que já falei tanto.

Hoje fico mudo.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Uma vez...

De súbito um abraço
seus pés em minha direção,coração em descompasso.
De tudo que a faz igual, nada tange aos simples mortais.
É transcendental...
Tudo vive onde ela pisa
até a tarde que se fez tão cinza,
logo deleitou-se num lindo poente.
Talvez no seu quase sorriso,
ela leve consigo a minha paz.
Mas do acaso então surgiu o encanto,
da saudade, o não sei quando,
de cada nascer do sol a coragem,
dessas palavras a verdade.
E aqueles que não me ouvem,
ou que com meu grito espante,
vão saber que toda a vida se resume num instante.
Pois sei que um dia...um dia daqueles mais tristes,
hei de rever o meu amor,
hei de queimar sob a chuva rala,
hei de saber quem eu sou,
hei de ser o que ignoras ou guarda,
hei de tocar a mais fina flor,
hei te viver em ternura,
hei de morrer sem teu amor.

À pequena

Eu tenho você, isso já é a própria sorte.
É o verdadeiro encontro com aquilo que deram o nome de paz.
Até agora convivo com o que chamam de distância,
ainda bem que minha mente voa.
Pensamentos com asas vão ao encontro do meu melhor,
e da parte que o torna perfeito.
E lá se vão os anseios e os limites, volta não!
Eu quero estar perto, prefiro calor humano.
Deitar em colo amado, e transbordar...
Vai ser tudo bem cuidado, pra crescer extraordinário.
Nessa hora todo eu se revelará um "nós", eu e você!
Sei que dos segundos se fazem minutos, que se vestem em horas, e dias,
todos eles são convidados para verem a nossa hora!
E tudo se fará novo...

...

...O que há de se explicar esvaiu-se.
Sem sobrou de não ter o que dizer.
Pede e leva pra casa.
Há de se comer sem reclamar.
O que há de mais vazio e triste.
O que há de ridículo.
Tudo aquilo que te faz imóvel e impotente.
Leva pra cama.
Leva pra casa o que não te pertence.
O que passou de ouvido em ouvido.
O que fui de bocas em bocas.
O que amo e me maltrata.
O que eu destrato e cuido com tamanha imperícia.
O que eu entendo de física quântica me diz que não é possível.
Mesmo admitindo estar em dois ao mesmo tempo.
Mesmo querendo conquistar o impossível.
Mesmo assim.
Não há mais nada a dizer.
Ninguém mais quer saber.
Leva pra casa.
O que for teu é teu e pronto.
Esconde debaixo do travesseiro.
Espera vir nos sonhos.
Espera crescer e começa de novo.
Leva com você.
Pra onde?
Ninguém vai dizer...

Eu, menino.

-Olha lá o menino sentado,
Encoberto pelo azul celeste.
Olha só que beleza, tantas cores no seu universo.
Tanta coisa que faz sentido.
Tanto querido, tanto vivido.
Tanto querer dividido.
-Olha lá.
O menino sem tempo e espaço.
Ó o menino descalço.
Olha só o pé dele.
Olha só pro mundo dele,
É real e colorido.
É forte e destemido.
-Olha só,
É o menino mundo.
-Olha lá.
E fixaram os olhos naquele menino.
O menino coberto de azul,
E o menino vai indo.
-Pra onde vai aquele menino?
Olha o menino sumindo.
Lá vai o menino.
-Viram?
E todo o mundo parou pra olhar.
Mas nem todos podiam ver,
Que o menino,
aquele menino azulino, era capaz de voar.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Eu e outros “eus”.



Os braços ainda acenam para a despedida.
A boca ainda espera o beijo.
O corpo ainda queima.
Os braços, a boca e o corpo ainda são.

Eu já não sou mais.

Não sou mais fantasia.
Meio-dia.
Não mais extravaso.
Não sou mais abraço.
Maré de março.
Não mais sorrio.

Eu já não sou mais.

Ainda há aplausos,
Espere e ouvirá os enxovalhos.
Ainda peço desculpa,
Espere e serei expulso.
Ainda quero,
Espere e eu desespero.

Os enxovalhos, as desculpas e o desespero ainda são.

Eu já não sou mais.

Agora eu sou amargo.
Jiló.
Difícil de entender.
Quiprocó.

Agora eu tardo.
Amargo.
Impaciente.

Eu já não sou mais.

Agora eu desalinho.
Vôo desastrado.
Só desafino.
Eu, só e Zinho.

Já não sou mais.

Deixei de ser e me amo mais.
Deixei de amar e sou mais.
Deixei de ser o que queriam de mim

e eu sou mais.
Braço, boca e corpo.
Fantasia, abraço e sorriso.
Jiló amargo e impaciente.
Eu quiprocó.
Eu e só.
Eu e Zinho.
Eu e eu.
Eu sozinho.
Eu aquilo.
Eu ou ele.
Eu, não mais aquele.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Se não sou eu.

Era hora de dar a cara à tapa.
De dar tapa na cara.
De tapar a cara.

Era hora decisiva.
E eu perdi.
Fui improvável aos olhos do imprevisto.

Justo eu.
Que não soube de mim,
Que não soube de ti.
Que quis saber do que apareceu.

Eu.
Que fui reprovado no teste.
Que titubeei, vacilei, andei fora da faixa.

Eu.
Que pensei estar longe, o que estava às claras.
Confundi.
Me meti em confusão.
Enfiei os pés pelas mãos.

Eu.
Que jurei em verdade tudo que disse.
Fui cada vogal e cada sílaba.
Fui reticência.

Eu.
Que fui menino entre as mulheres.
Que teci a trama.
E caí na rede.

Eu.
Que fui eu mesmo e nem quis saber.
Que me dediquei.
Fiz, lembrei, e fui.

Eu.
Que fui, estive e estou.
Intersecção.
Contido e contendo.

Eu.
Seduzido e à deriva.

Eu.
Que não posso esquecer isso,
Pois me lembro sempre de ser quem sou.

Eu.
Que acima de tudo fui de verdade.
Que senti.
Pensei e ponderei.

Eu.
Que sou o que está posto.
Que estou a postos.
Para ser mastro e bandeira.
Luz e estrela.

Eu.
Que brilhei.

Eu.
Que apaguei.

Eu.
Que vou ser.

Eu.
Você.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Eva

Veja só como tudo é tão bom.
O dia que muda ao te ver,
O barulho que vira som.
Viver como música é um dom.
Saber viver, quem não quer?
Eu quero agradecer por te ter perto de mim,
amizade que me põe de pé.
Na tristeza e na alegria, tudo um dia chega ao fim,
só não chega a fantasia que eu sou filho de Maria
qual Jesus de Nazaré.
Não chora minha nêga, te faço um abraço,
imito um palhaço, só pra te agradar.
Contigo ao meu lado sou como um pássaro aprendendo a voar.
Não anda vazio nem está sozinho
aquele que na vida tem com quem contar.
Eu conto contigo, tu contas comigo.
O resto é andar e cantar para o mundo o valor de te amar.
Não chora minha nêga, me dá teu sorriso.
Faço o que for preciso pra te acompanhar.
Contigo ao meu lado eu já não disfarço.
Só quero cantar.

A poesia

Esses versos não são meus,
pois o poeta não tem rosto,
e as palavras são vãs.
Eu te traio na tua ânsia,
e me embriago em teu fel,
que mais doce não provei.
Que inspiração mais sórdida!
Essa que vem sem dono e vai sem rumo.
Que escrita fútil,
de suspiros breves, sem vontade.
E ainda assim penetra em meu peito, e encontra abrigo.
E quando o imperfeito parece te tomar,
tua suavidade e força profunda te põe de pé.
e quando pareces perdida,
me encontro em ti...

Se é anjo.

O que fiz de mim,em mim não coube

O que deveria haver de ti em mim,de si não soube.

Do que sou para o que quis ser,
uma eternidade.

Do não ser, para o nada ser,
uma saudade.

Por "Ventura" é assim,
cada "eu" no seu caminho,
cada alma e sua bondade.

Ao anjo torto da verdade,
cabe as asas e as maldades.

Revolta

Há dores que não me deixam viver,
O mal que sempre volta.
Te querer e não te ter.
Não ter ninguém a minha volta.
Sem meus olhos pra te ver.

Tudo isso me revolta.