Não era seu.
Era céu.
Não chorei.
Chovi.
terça-feira, 29 de abril de 2014
sábado, 5 de abril de 2014
Unhas negras
Não
terminou.
Nada
termina.
amar, noves
fora a vida,
é ato
contínuo.
É um passo à
frente
no horizonte
que se esconde
um grão a mais
na fuligem
do tempo que expande
e se queda
lento.
Não parou.
Nada está
parado.
Até a rocha,
inerte, se entrega.
Ora ao
vento, ora à chuva.
Até a rocha,
veja você, sabe perder
para não
estar só.
Minhas mãos
revolvem a terra
e tocam teu
rosto.
Tua pele
alva e minhas unhas negras.
Minhas unhas
negras e a tua voz calma,
e a música
lenta que vem de longe.
Minhas unhas
negras, afinal, riscam a tua cara.
Revelando
teus sulcos e as tuas cicatrizes,
pintando teu
suor e as tuas vergonhas.
O vento
esculpe o teu cabelo, artesão de nascença,
e esfria o
chão sob os teus pés,
e segue
uivando por entre as frestas da porta entreaberta
por onde saí.
por onde saí.
A casa está vazia.
Não acabou.
Nada está
realmente acabado.
a vida,
noves fora o amor,
é uma faísca
que se solta
e rompe com
a escuridão da noite
queima, arde, se apaga.
O dia nasce
amarelo-roxeado aqui da minha janela.
Sinto a
ferrugem e a maresia;
cheiro o
orvalho e a flor de amendoeira.
As primeiras
horas da manhã são minhas.
Vista daqui
de cima a rotina
quase não
mata, alivia.
E o que se disse terminado,
parado,
acabado.
E o que se disse
do amor e da rocha,
da tua pele
clara e das minhas unhas negras, se cala.
Só para
ouvir passar o vento.
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