segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Somos um

Ela:
Nosso amor é esse tal, não grita nem pede esmola, não sente fome porque se sacia naturalmente, é amor de casa, de ouvir mazelas e acalmar o medo. É amor construído com barro batido sobre terra firme. É aquele amor da vitamina de banana, do jeito de cortar o abacaxi pro outro, do cuidado, do pano morno na testa dos dias de enxaqueca. É sutil, é de sussurros, é de verdade.

Ele:
É amor tecido de sutilezas, bem nascido e, por ser assim, complexo. Mas a complexidade está na sua engenharia, na trama forte das nossas ligações, no cingir do dia-a-dia, na tez clara da nossa admiração e na reciprocidade dos sorrisos. Somos partes um do outro e juntos parte de um todo. Esse todo é o que a gente não consegue colocar em palavras, aquilo que se mede pelo brilho dos olhos e pelo peso das lágrimas. Nosso amor é esse tal, que não se explica, esse que pula, pulsa, escorre, transborda. É a nossa arquitetura, nosso altar decorado de orações, nosso zelo. Esse tal amor é o nosso amor, é transcendental.

2 comentários:

Marco Antonio disse...

o amor dela parece composto das coisas do dia, os objetos, as texturas, os cheiros e gostos. amor de sentidos e materializado nessa descrição dos pormenores. o amor dele parece racionalizado, ainda q com certo tom sensível. parece noite, não pelo cansaço, mas pela hora da aproximação e avaliação do q aconteceu antes. gostei da palavra arquitetura no meio do final do texto. e gosto de pensar q, quem sabe, um dia, eu tenha possibilidade de viver essa fantasia. abs man.

Patzu Orvalho disse...

O amor dela vê os frutos da engenharia do amor dele. Ela admira a arquitetura e sussurra aos seus ouvidos: é de verdade.
O amor dele nasceu antes mesmo do dela. Ele a viu pular e pulou junto. A viu chorar e chorou junto.
Mas o tempo é relativo e o amor é transcendete. Os dois fazem parte um do outro, mas apenas em suas esquinas. Alí são apenas um. Irmãos.