terça-feira, 18 de março de 2014

Andai-me

sou operário na (des)construção civil
de qualquer ordem arquitetada
por engenheiro ou mestre de obra
sigo desmisturando o cimento do eu
com o momento líquido
poeira
meu coração gira, gira, gira
no fundo de uma betoneira
e minha língua arranha o céu
da sua boca, estrela
o vão aberto da marquise
a queda livre do suicida
o saco plástico que voa
enfeita a cidade deserguida
o homem chora a lágrima descaída
o pão não é concreto, decerto
tudo é tão vago, apago
no meio da multidão
deserto,
a andar em ti
em mim
a andaime 

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