sexta-feira, 20 de maio de 2016

Porque voa! (Astrogildo e a Astronave)

Dizem que, em Ipiaú, “quem menos anda, voa”. E até quem não voa, voa também. Porque sonha.
Astrogildo Andrade Santos, personagem dessa terra, não nasceu com asas. Portanto, não voava. Portanto, sonhava.

Mas Astrogildo não sonhava só. Toda a gente da cidade vivia biruta com as histórias do protético e mecânico que queria voar. Mesmo os que não acreditavam, estariam com seus olhos voltados pro alto, na esperança de ver Astrogildo e a sua astronave passeando pelos céus do Vale do Rio das Contas.

Eram sonhos dentro de um sonho.

Terra de insanos, dirão. Terra de insanos, eu hei de concordar. Afinal, só um cidadão feito debaixo daquela abóboda celeste poderia se arvorar a desafiar a gravidade, montado num helicóptero feito de alumínio e movido por um gerador em motor contínuo.

Foi voando no sonho de Astrogildo, que a Macondo do Sul da Bahia* transpassou novamente a realidade e rompeu com os limites de sua geografia. O seu lado fantástico, mais uma vez, se desnudou pelas lentes de Edson Bastos. E, em praça pública, do outro lado da tela, toda a gente se reconheceu. Porque sonhou. Eu não estava lá, mas eu vi. 
Não duvide!

Foi de carona na astronave de Astrogildo que eu cheguei até aqui. Me sinto em casa. Uma coisa nessa viagem eu aprendi: voar é mais uma questão de vontade do que de asa.


*apelido dado à Ipiaú pela poeta, atriz e personagem do filme, Daniela Galdino.


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