segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Entre nós

Entre tantas coisas espalhadas,
Montes e mais montes do que fui e larguei.
Entre tanta gente preocupada,
No meio da multidão que caminhei.
Nada de novo se anuncia.

Entre o fino trato e os que comem carne crua.
Os que aquecem o globo, roubam a tia.
Matam a esmo enquanto morrem de agonia.
Ainda caminham pela mesma rua.

Entre tantas notícias de jornais,
Fatos e mais fatos inventados todo dia.
Entre os monges do Tibet e uma bomba que explodia.
Em todo dedo de prosa e toda palavra.
Nada de novo se dizia.

Entre ventos e águas que não refrescam nem lavam.
Entre as vidas destruídas nas barrigas das Marias.
Entre versos escaldados ao sol do meio-dia.
Nada de novo se erguia.

Entre terras e céus que o menino desconhece.
Um cesto de esmolas. Um coração enobrece.
Esse homem que o próprio homem desconhece.
Esvaía-se.

Entre corpos e copos em que a alma se perdia.
Montes e mais montes da velha hipocrisia.
Que rima com burocracia, com moça vadia, mais valia.
Nada de belo se mostrava.

Entre nós, e um nó que desata.
Mais amor a mais, nada mais nada falta.
Entre vós um sentimento renova.
Sem peso, quando pede mais apreço.
Sem medo, sem medir.
Vale o quanto mereço.
Sem medo, sem mentir.
Sempre chego ao te ver partir.

Entre tantos cais de porto.
Um mar que não um mar morto.
Entre tanta coisa que eu peço.
Mais e mais, o ar de um novo dia.
As coisas vazias das quais me despeço.
Sem coração ou verso apunhalado.
Sem verbo ou palavra encarcerada.

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