segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Supus o que eu queria.
E a fumaça das vaidades,
Acinzentava meu olhar.
A chuva derramava o mundo em minha cabeça.
E a lembrança dos dias ensolarados se esvaía.
Depois de tudo,
Amar se fez um verbo descabido.
Correr, no entanto, melhor amigo.
Cuidar, guardar e tudo ir aos pedaços.
Juntar, colar, fazer da minha alma um mosaico.
Tudo passando e eu mandando recados.
As horas iam à fumaça do meu cigarro.
E eu meu Deus?
Cheio de dedos, comendo sem me sujar.
Andando sem estardalhaço.
Trazei o meu cálice e bebei comigo.
Não me deixes até que tenha acabado.
Vou levar-te para o alto e inventar nosso pecado.
Voar sobre as nuvens em desmedida vontade.
E despencar no vazio em proposital insanidade.
Prometi e não fiz, mas dessa vez eu faço.
A ti, você afim.
A mim, você me basta.
A ti é preciso saber
derramar-se, pra não endurecer.
Dividir-se, pra não implodir.
Amar, pra não morrer do próprio veneno.
Só basta querer.
Pois eu continuo querendo.
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Um comentário:
"Cheio de dedos, comendo sem me sujar."
O bom-sentir que uma poesia nos causa vem do perfeito entendimento de metáforas como essa.
Eu q tanto já me lambuzei...
É linda essa!
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