Não
tenho mais tanta fome de outros corpos, outras almas.
Esse
ofício vão de dizer coisas, dizer coisas, dizer coisas.
Esse
comércio de palavras e carinhos, às vezes não me dá prazer algum,
Só
me faz falta.
Meio
copo de cachaça, uma vida mais simples e sábia.
Não
me acompanha mais essa enorme inquietação urbana,
Esse
caos programado de um pecado maior.
O
que me agrada é olhar pelas janelas,
Ver
a rua acontecer na doçura das pedras polidas.
A
moça nova, pálida e distante.
O
velho raro, seu tamborete e um cigarro.
Exato,
me reconheço.
Saber
o valor ao invés do preço.
Sentir
de perto o calor em vez de inventar um fogo alheio.
Esse
disco de Al Jarreau estalando sobre a pickup Technics.
Esse
copo de pinga ruim e a noite estreita se esgueirando pela porta.
This is your song. Yeah!
Ele
diz.
Muito
desse viajar é sentir .
A
estrada que se estende em minha frente, tem a imponência que lhe cabe e o poder
de sedução que lhe foi adquirido.
Muito,
mas muito mais do que eu vi, ainda é uma porção pequena do coração.
Toda
realidade é um excesso,
Uma
busca por enxergar-se.
Vivemos
todos em comum nessa viagem.
Por
isso eu falo por outras bocas e sinto em outros corpos.
Que
não são meus, mas fazem parte dessa coisa maior que não sei o nome.
Isso
que não cabe nos adjetivos
e que fala alto aos que tem ouvido.
Quanto
mais vontade eu tiver,
quanto
mais força eu encontrar nas sutilezas,
Mais de mim darei ao mundo.
Mais de mim darei ao mundo.
E
o mundo me dará o que eu merecer.
Mais
perto de Deus eu hei de estar, porque mais perto de mim estarei.
O
que quero dizer:
cada
alma é uma estrada, cada ser é um rio corrente e a água é viva.
Sinto-me
diverso por ser eu, e as múltiplas chances que me são ofertadas, é parte desse
universo.
Dessa
pequeneza diante da natureza,
dessa
arrogância que nos impõe sermos homens.
Já
não quero empreender a luta que é entender,
nem
a força bruta que é explicar.
Por
mais que se caminhe, muito mais haverá de ser estrada.
Por
mais que se lave a cara, muito barro, muito chão, nada, nada.
Entre
a vontade e o gesto,
O
lugar de cada coisa é o hiato.
Quando
me lembro.
Aliás,
por que me lembro?
Adormeci,
vivi e sonhei.
Agora
divago manso sobre o que eu quiser.
Tenho
propriedade sobre as coisas que me são.
Minha
extravagância não é, senão, querer viver.
Se
você está a me procurar, faz bem saber:
também
estou.
Minha hora tão sonhada:
quando
dois estão dois, e quando dois são um, é aonde vou.
2 comentários:
Ô Pêga! =O
estou lendo um artigo chamado "A Marca Humana" q eu terminei comparando com alguns momentos do seu texto. me passou uma certa sensação de conflito, de questionamento do mundo interior com o mundo material e talvez o imaterial. a linha tênue q se faz de um para o outro. a busca do nirvana. de um estado natural e perfeito. a eterna busca do homem e a pergunta de quem é, de onde veio e para onde vai. no artigo, em determinado momento, os autores dizem q no início do século XIX muitos pensadores americanos falavam q a natureza era simplesmente uma fonte de renovação espiritual solitária, q deveria servir de refúgio total da vida moderna e urbana. aí cita uns exemplos engraçados. o poeta e ensaísta Ralph Waldo Emerson falava q a zona urbana do homem era uma ameaça e q o homem precisava se afastar até do quarto pra sentir a solidão, mas ele era, na realidade, um escritor extremamente urbano. rs. o romancista Nathaniel Hawthorne reclamava q ficava escutando até o apito do trem na casa de campo onde morava. mas dependia do trem pra ir e vir sempre q precisava. Henry David Thoreau ficava se elogiando o tempo todo por ser capaz de fazer tudo numa cabana pequena afastada da cidade e perto da floresta. só q ele morava tão perto da cidade q ele constantemente chamava pessoas pra conviver com ele e até a mãe pra ajudar a lavar as roupas. rs. então penso q é o cansaço do mundo vem, mas a gente precisa do mundo pra vencer o cansaço. é a busca do equilíbrio final. é a descoberta de onde, de fato, temos q ir. enfim...saudade de vc rpz. será q vou ter q falar mais de Salvador pra atrair sua atenção? rs. bjo no coração.
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