quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Olho



Eu vi tanta coisa pequena crescer, subir e chegar ao seu apogeu.

Eu vi tantos corpos na contraluz do meu abajur.

Eu vi tanta coisa se desmanchar da minha velha opinião.

Eu me vi tantas vezes voltando atrás de mim.

Eu trouxe o pequeno, eu trouxe o grande ou não trouxe nada.


Eu cheguei até mim na luz de um claro instante.

Numa composição minimalista azul com fundo infinito.

Num retrato em preto e branco de um homem andando sobre trilhos.

Na letra de um velho samba que alimentava-me de sonhos.


Eu devo estar louco por pensar estar certo.

Eu devo estar certo por pensar que tudo é tão pouco.

Eu devo estar em algum lugar entre a vontade e o gesto.

Entre o pequeno e o grande.

Na contraluz da minha velha opinião.

No claro instante em que a composição minimalista cresceu, subiu e chegou ao apogeu.

Eu devo estar certo de estar louco.

Aquele velho samba sou eu.





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