sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Ser tão...


Enquanto o mar ansiar ser tão, tanto, tonto.
Ao ponto de secar sua água e encher meus olhos.
E os meus olhos derramados molharem o chão do teu esquecimento.

Enquanto a minha vida almejar ser tão maior do que toda seca que há entre nós.
Ao ponto de me por todo dia a navegar e amar e a procurar no azul infinito,
Um pouco de alma, um cisco de estrela, uma poeira de estrada.

E quando o sertão vir a ser mais que toda beleza que há entre  nós.
Ao ponto de me fazer deitar sob a aridez da calma.
E atravessar os desertos da ira e andar e buscar no meio do vazio,
Um fio de esperança, um perfume qualquer, algo além de nada.
Água.

Há um lamento que o vento leva nessas horas.
Há um canto de sereia na voz do mundo.
E eu me distraio.
Depois bagunço tudo.

É quando o homem comum se faz poeta.
Quando da planta mal nascida, da verdade mal concebida,
Lá, no obscuro universo do não acontecido,
Nasce o poema.

E o que és tu diante da importância do verso,
Do poder do tempo e da palavra dita?
O poema é um testamento.
É a alma de palavra escrita.

Eu verso porque há em mim um jogo de opostos.
Entre o meu sertão e o teu mar.
Meu amar e o teu ser.
Tão, tanto, tonto.

Justiça seja feita quando o Gerais abraçar o mar aberto,
E brotar o mundo em água no meio do deserto.
E o meu sertão vir a ser mais.
Vir a ser eu.
Vir a ser mar.
E eu morrer afogado em mim, em mar, sem cais.






2 comentários:

Daniele disse...

não sei o sentido que nos liga, mas entre Drummond, Pessoa, Anais Nin, Hilda... nada chegou perto do que eu procurava.!esse poema tbm saiu de mim de alguma forma rs. Agradecida por me desengasgar, obrigada mesmo. ^^

KML disse...

O que nos liga é viver. Mais ainda, é querer viver. Mais ainda, é querer colocar o que isso nos provoca em palavras.
A poesia não tem dono.

Obrigado pelas palavras de sempre.