Quando a poesia salta do papel e vira música, é pra Partir o Mar em
Banda. Pra separar o joio do trigo. Pra quebrar tudo. Despencar.
Navalha na carne, sangue no chão.
Partir o Mar em Banda, o primeiro disco de Ayam Ubráis Barco, é visceral. Como um grito há muito tempo sufocado, que quando irrompe as amarras, reverbera por anos e anos. Aliás, essa é a sina dos grandes discos, serem ouvidos pela eternidade e soarem sempre como se estivessem acabado de nascer.
São ecos e ecos e ecos.
Ayam revisita a infância, a militância, a tragédia. Baila com a tristeza
e a loucura. Brinca de ser cantor e ator da própria história. E navega. A
impressão que se tem, desde o primeiro acorde, é que nessa viagem, o cais de
partida é o mesmo de chegada. Partir o mar é partir a si mesmo. Bagunçar tudo e
depois juntar. Ser o que o oceano traz à praia e o que ele sepulta.
Amigo, foi quem correu perigo.
É um disco de Rock totalmente autoral, recheado de influências diversas,
feito em casa e rodeado de amigos. Cada sessão de gravação era uma celebração
do talento e da colaboração. Partir o Mar em Banda está impregnado dessa boa
energia. As transições que costuram uma na outra canção, são como mãos dadas,
punhos cerrados para o alto, abraços apertados.
Com esse disco Ayam Ubráis manda um recado:
- Ei, você ai! Sai dessa zona de conforto. Estamos todos no mesmo barco.
Haveremos pois de remar juntos, lado a lado. Porque bons ventos nos trouxeram e
bons ventos nos levarão. Dale! Dale!
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