quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O mar, o homem e o grito.



Quando a poesia salta do papel e vira música, é pra Partir o Mar em Banda. Pra separar o joio do trigo. Pra quebrar tudo. Despencar.

Navalha na carne, sangue no chão.

Partir o Mar em Banda, o primeiro disco de Ayam Ubráis Barco, é visceral. Como um grito há muito tempo sufocado, que quando irrompe as amarras, reverbera por anos e anos. Aliás, essa é a sina dos grandes discos, serem ouvidos pela eternidade e soarem sempre como se estivessem acabado de nascer.
São ecos e ecos e ecos.

Ayam revisita a infância, a militância, a tragédia. Baila com a tristeza e a loucura. Brinca de ser cantor e ator da própria história. E navega. A impressão que se tem, desde o primeiro acorde, é que nessa viagem, o cais de partida é o mesmo de chegada. Partir o mar é partir a si mesmo. Bagunçar tudo e depois juntar. Ser o que o oceano traz à praia e o que ele sepulta.

Amigo, foi quem correu perigo.

É um disco de Rock totalmente autoral, recheado de influências diversas, feito em casa e rodeado de amigos. Cada sessão de gravação era uma celebração do talento e da colaboração. Partir o Mar em Banda está impregnado dessa boa energia. As transições que costuram uma na outra canção, são como mãos dadas, punhos cerrados para o alto, abraços apertados.

Com esse disco Ayam Ubráis manda um recado:

- Ei, você ai! Sai dessa zona de conforto. Estamos todos no mesmo barco. Haveremos pois de remar juntos, lado a lado. Porque bons ventos nos trouxeram e bons ventos nos levarão. Dale! Dale!




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