terça-feira, 2 de agosto de 2011

Amon Ha- ha-ha-ha (Homenagem póstuma para um grande amigo)


Seu nome é a continuação de um riso...

Hoje vai ter farra, ontem teve e amanhã também. Vai ter passeata de puta, luto nos botecos e tristeza para os que ficam. Só não vai ter baixo astral, até porque isso não era permitido estando com ele. Quem já teve esse privilégio há de concordar comigo. Tudo era motivo de chacota, de escracho. Nenhuma resenha era tão boa se ele não estava.
Gente boa, da melhor espécie. Tinha um coração grande, no qual guardou um milhão de amigos. Gostava muito de somar, mas o que ele sabia mesmo era dividir. Para ele, a alegria tinha que ser compartilhada. Nunca teve apego ao dinheiro, talvez por isso nunca tenha faltado para ele. Não importava quantos Reais, mas sim a boa companhia. Vai me dizer que você conhece muita gente assim. Conhece não, Amon era uma raridade.
Geralmente, quando alguém morre, a gente sempre encontra uma coincidência aqui, um sinal ali. Pois comigo foi assim: chovia muito aqui na noite de sábado e como o clima estava favorável resolvi ficar em casa. Tomei um banho e fui procurar uma bermuda mais folgada pra dormir. Revirei o guarda-roupa até que achei uma bermuda laranja. É uma bermuda dessas de elástico e bolso dos lados, feia demais. Eu nunca compraria uma bermuda daquelas. Mas como era pra dormir, confortavelmente e sozinho, não importava a estética. Tive uma noite intranquila, acordei algumas vezes durante a madrugada e levantei com aquela pontinha de tristeza que só as manhãs de domingo trazem. De bermuda laranja, fui cortar um abacaxi na cozinha. Foi quando meu celular tocou sinalizando uma mensagem: era meu pai me contando que Amon tinha morrido.
Ai “Rasga”, lembrei-me daquela manhã de domingo, depois de um virote daqueles, a gente tomando uma cerveja, curando a ressaca num banho de bica e comendo uma galinha ao molho pardo na beira da estrada que vai para Jequié. Lembrei-me da vez que a gente foi buscar o Escort em Ubatã e eu quase bato o carro que você deixou comigo. Do réveillon antológico que a gente passou lá nos 3 Coqueiros, daquela festa, daquele rock, daquela vez, enfim. Lembrei que a bermuda laranja era sua.
É assim que vou lembrar de você meu irmão. Em todo brinde, toda boa risada, todo momento de felicidade. É assim que você gostaria de ser lembrado.
E como aqui, nenhum lugar era triste se você estava, onde estiver, a farra continua.
Valeu Rasga! Um dia te devolvo a bermuda laranja, você vai fazer sucesso com ela.
Fica em paz. Um grande abraço.

Kaike Lamoso- “A lama”.

3 comentários:

Daiana Azevedo disse...

Lindas lembranças, lindas palavras, linda homenagem!
Lembrei-me da sua expressão contando as peripécias do seu amigo... mesmo triste, havia um brilho no seu olhar: estonteante!
Ele devia ser realemente uma figura!
Bom saber que você teve um amigo que lhe trouxe tantas alegrias... melhor ainda é saber que você pode lembrar dele e sentir novamente o quão foi bom conviver com ele...
Se preocupa não, lembrar só dói no começo...
Mas enquanto doer, enquanto precisar de conforto... é só mandar uma mensagem dizendo que tá precisando de um abraço!

Beijos

KML disse...

Desse jeito, vou inventar motivo pra esse conforto. :)
Mas foi tudo isso que vc falou que me motivou a escrever essa homenagem.
Xêro linda.

Marco Antonio disse...

olhe...sobre o texto, ainda q seja muito referencial e eu não faça ideia da pessoa q vc descreve, mas tenho a nítida sensação de q, sim, conheço alguém assim...então...enfim...é algo muito seu. vale pela sensibilidade externada. mas quero dizer q...como posso sempre me posicionar em relação às coisas bacanas q vc escreve no meu blog, e tenho vontade disso sempre, se eu não consigo achar vc no facebook man? rs. abração.