segunda-feira, 9 de março de 2009

Finjo.


Quando li Passagem das Horas,
faltaram-me palavras.
As que eu tinha escorreram por entre os dedos,
perderam-se no lilás das unhas.
Quando as vejo passar,
falta-me alguma coisa do inexplicável,
algo que me torne inatingível, intocável.
Falta em mim e a ti uma dose de ópio.
Por que o medo de “viajar”?
Temos que forjar cores e motivos para pintar quadros.
É necessário fingir, inventar alguém de fácil felicidade.
Esquecer-se de ser humano.
Afinal, o que é realmente sê-lo?
Humano.
Minhas convicções envelheceram,
e elas não são como vinho.
Pode-se ser o que quiser nessa vida que mais parece um palco.
Não precisamos vestir a roupa certa para a ocasião.
Branco para o luto, preto para os santos.
Fingimos que é verdade, pois precisamos acreditar em algo.
Precisamos não ser, e esperar pelos aplausos.
Admitimos toda forma de passividade e omissão,
em nome da “paz”.
Em nome de D.
Pedimos tanto de joelhos,
que a vida passa, sem que a gente passe por ela.
Permita-me então dizer que não acredito.
Que não dou crédito.
Que querendo ou não, eu fico e finjo.







2 comentários:

Unknown disse...

q sensibilidade e percepção, verdade pura, amei, lindo amigo da mente brilhante! Esse negócio de blog é massa, hihihihi


Márcia

Bjo de luz!

Daniele disse...

essa é uma daquelas que meus olhos pararam de procurar depois que viram...