quinta-feira, 5 de maio de 2011

Durmo, mas continuo vivo. Morro, mas não desligo.



Comecei o dia com sugestões:


Marco recomendou. Tomei uma pílula e percebi que dormir é melhor, mas dormir também é viver. Só que viver, para muitos, tem sido um martírio. Conseguir dormir, para outros tantos, é uma luta diária. Esses também tomam pílulas, só que daquelas de tarja preta. Tarja preta não dá lugar aos sonhos, ela te desliga. Desligar, isso sim é morrer. Mas a dúvida talvez seja: em que ou em quem se ligar? Não sei, apenas peço que não se desliguem.


Morrer pode ser uma solução:


Morte. Aliás, não se fala de outra coisa nos jornais. Morreu, morreu, Bin Laden morreu. Talvez. Mas agora, depois de morto, pode ser que ele se sinta mais vivo. Quem sabe lá, onde jorra leite e mel e as virgens o esperam, ele viva alto, senhor de si; sem ser incomodado pelo terrorismo de ter que viver aqui.


Sonhar, isso sim é que é bom:


E sonhar acordado é despertar para a vida. Isso é o que sugere Waking Life, filme (que me inspirou, marcou e me rendeu até apelido), cujo significado muda cada vez que tento entendê-lo. A vida e os sonhos também são assim: toda vez que você tenta entender, tudo muda, revira, volta, sobe e desce e escorrega.
A aflição do mundo é o não entender das coisas. Impressiono-me como todos têm um pouco de cientista e enchem a cabeça de Porquês.  Querem provas, estatísticas, números que expliquem a causa ou o efeito de tudo, inclusive da nossa existência.


Seria Deus um número exato ou apenas um fator?


Se sabe que Pi é 3,14159265, somos 6,5 bilhões e a cada cinco de nós um é chinês, o terremoto que atingiu o Japão chegou a 8,9 pontos na escala Richter; a cabeça do Bin Laden valia 25 milhões de dólares e a sua morte aumentou a popularidade do Obama em 8%. Há 350 anos um príncipe não casava com uma plebeia. Ele era o número um na lista de procurados e eu sou o 08773154-18 no registro geral de pessoas, moro no número 115, CEP- 49020-030, caso queiram me achar. 
Mas, o que esses números te dizem meu caro (a)? Você se sente mais vivo ao lê-los? É possível viver de números? Quantos sonhos você tem?
Divaguei. E toda essa divagação me fez lembrar Rubem Braga, que em uma de suas tiradas fantásticas, afirma: “a vida só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro, mas o respeita dentro do limite dos seus algarismos”. Em bom baianês: “cada quem, no seu cada quem”. Entendeu?
Isso pode funcionar com os números, mas com pessoas é diferente. Assim como Rubem na sua crônica, eu peço que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo. Um com menos números e mais gente. Gente de verdade, que não se furte ao direito de dançar e celebrar a vida; que não deixe de sonhar, dormindo ou acordada. Que morra e renasça em si. Que conheça o vizinho pelo nome e que tolere a diferença. Gente diferente e que se respeita.
Talvez tenha sido por isso que Bin Laden, embriagado pelas suas próprias verdades, tenha lutado também. Talvez seja esse o recado que ele quis passar com tantas explosões. “Não, não nos tratem como números ou moeda de troca. Não invadam nosso país travestidos de heróis. Não roubem, nem massacrem nosso povo. Nossos números são nossos números. Nosso Deus é nosso Deus. Nossos sonhos são nossos sonhos. Nossa vida é nossa vida. E, para nós, o melhor momento da vida é morrer, essa é nossa escolha”.


“Cada quem no seu cada quem” é uma insinuação. Mas “cada quem”, vivendo e sonhando em comunhão pode ser melhor.
Na minha sugestão, bom é o que existe entre nascer e morrer. Gozar dos ínterins é o que nos cabe. Da vida, quero mesmo a vida, e da morte a morte.

4 comentários:

Redator disse...

Massaaaaaaaaa.
Um abração Lama, obrigado e continue escrevendo. Faz bem a todos.

Raiane disse...

Meu irmão..mandou bem demais...

KML disse...

Comentários bacanas. Sinal de que incomodei alguém. Devo continuar escrevendo.
valeu. Ah, Redator, quem és tú? hehe

Marco Antonio disse...

Venho para reinteirar o já dito: eu me vejo no texto, na forma, na estrutura, na essência e no olhar. Que bom posso ter alguma sintonia contigo man. Já via isso há alguns anos nas areias da Concha. Mas então...tenho algo novo logo mais no meu blog. Daqui a alguns minutos, pra ser mais preciso. É mais um texto em que penso o termo da existência. E do tempo. Bjo no coração aê man.