sexta-feira, 13 de maio de 2011

Livro


Devo ter um dom.
É, tomara mesmo que seja um dom.
Essa coisa de juntar palavras há de emocionar alguém.
Essa busca incansável de traduzir-se pode um dia me recompensar.
Me transformar em livro.
Em prosa boa de ouvir, em conversa de pé de ouvido.
Eles hão de me colocar numa estante.
Sim, o tempo há de vestir-me em capa dura.
Com direito a um prefácio e status na orelha.
Tinta preta em folhas amarelas.
Um universo de mim, onde eu não me reconheça,
e experimente um pouco do não ser.
Vou distinguir cada um que viveu aqui,
Para só então me conhecer.
E uma vez estando lá, do lado de fora de mim,
Eu possa enfim, gritar:
Abram aspas que eu quero passar!


3 comentários:

Ellen Joyce disse...

Ô, caramba! Eu toh gostando todo dia mais das suas coisas!!


Esse poema me fala muito dessa crença quase essencialmente vital q nos faz, ainda uma vez, escorrer mais algumas palavras.

E tá é otimista, viu? Ainda bem...

Julia Duarte disse...

"Essa coisa de juntar palavras há de emocionar alguém."
Adoro seus textos
Tava justamente atrás desse seu dom das palavras.
Pensando que tinha tempo que você não postava no Face e quando vi você excluiu o seu.
Aí vim dar uma espiadinha aqui!

KML disse...

Pois é Julinha. Tava me tomando muito tempo, mas acho que tenho vc no msn quando quiser fazer um contato. Apareça sempre, de vez em quando tem novidade. bjos